segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Por Favor, Alienação


Isso, pelo menos partindo do princípio de que é bem claro o que se entende como alienação. Sim, a fuga da realidade e do mundo cheio de concreto pode ser o melhor caminho para, em 2007 ou 2037, se viver em paz. O entretenimento louco, que irradia sorrisos e arremessa prazeres a cada milisegundo, sinaliza algo, e esse algo não é bom e nem ruim. A corrente do "tudo bem" é perfeitamente válida, e, honestamente, não há como dizer que ela é errada, burra, inconseqüente, irresponsável. Temos o direito de não nos importar, certo? Explodir prédios ao invés de pagar impostos seria bom, mas a bondade carnavalesca nos impede se sermos justos. Sim, a tão desejada justiça...

A sede por justiça será tema dos três próximos comerciais da Brahma. Por favor, que alguém diga onde há justiça na natureza... Onde, na selva, há indignação? O ser humano complica demais as coisas. Cria filosofias específicas para explicar o funcionar de uma fábrica de automóveis, estuda origens e finais, que, na verdade, também não existem em lugar nenhum fora da cabeça de australopitecus. E se revolta.

Então enxugue a testa com o caderno de economia, se cubra com o de políica e descanse a cabeça sobre os classificados. Quem disse que o dólar custa R$1,91? Quem? Por que? Quem prende e quem solta ? Por que prende? Na falta de sentido, agarre-se ao que liberta, e entenda que estar livre não é possível quando você sabe exatamente o que tal ministro fez ou o que tal atriz disse.

Não ouça, não veja, não leia.
Não saiba.
Nem conte.
Agradeço pelo amor, pela arte e pelo futebol. Sem eles, o céu seria negro.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Os votos

Olá,

Viajei no feriado, e foi legal. Viva!

De qualquer forma, posso dizer a você, amiguinho, as seguintes coisas:

1. As pessoas que existem vêem o mundo de 1.045.008 maneiras diferentes. Eu contei.

2. Algumas têm cabeças de liquidificador.

3. Outras, pedras no peito.

5. Pouco importa.

9. Pessoas confundem bombas com pombas.

17. Confundem gente sem dente com mentes doentes que devem morrer.

36. O transparente acaba por merecer os votos que os que correm na rua não levam.

8. Não levam.

sábado, 1 de setembro de 2007

Futuresex/Lovesounds

Durante a semana que hoje acaba, ao ver pela primeira vez o vídeo de I Think She Knows, do Timberlake, lembrei de como o último disco do cara é legal. Abaixo, uma resenha que escrevi na época do lançamento da parada (no próximo dia 12 de setembro o disco completa um ano). Como o texto fala não só do álbum, tratando também de conceitos filosóficos-redento-espacias, creio que sua socialização seja uma boa idéia.
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Mais uma vez o tema é “artista originalmente mal orientado que passos adiante se redime sinistramente”. É isso. Justin Timberlake, o cara do N´Sync, em seu primeiro disco já mostrou que era um artista real, capaz de produzir muita coisa interessante, e em diversas direções. É claro que uma produção das boas ajuda, e muito, mas, ora, em que disco a produção não é boa parte do trabalho? Pois em Futuresex/Lovesounds o que se tem é uma série interminável de levadas acachapantes, arranjos soltos e músicas pop perfeitas que se espalham e se transformam. Muito legal mesmo. Se em Sexyback, o primeiro single, Timberlake já se instala em seu cérebro (o yeah dela é um vírus), saiba que o disco cria esse efeito por diversas vezes. Muitos potenciais hits, para variar.
Como exemplo emblemático, Love Stoned começa lembrando Rock Your Body e seu refrão é abissal, com camadas e mais camadas sonoras que criam um ambiente de noite tão dançante quanto perdida. No final ela já começa a se transformar em I Think She Knows, que tem início oficial em uma guitarra que poderia ter aberto By The Way, dos Chili Peppers. Violoncelos reais. Beatbox sem displicência. Bateria quebrada. O cara canta pra cacete e seu som está longe de ser algo vazio ou descartável. Honestamente. A faixa termina sete minutos e vinte e quatro segundos depois de ter início e deixa você feliz por Michael Jackson ter sido bem compreendido.
Outro exemplo: Until The End Of Time parece algo dos anos oitenta, tipo artista de r&b em decadência, naquele clima meio cafônico, mulletesco, de som de motel, mas no refrão você vê que se trata de mais uma música perfeita do cara. Incrível como algo do tipo acontece. É como se o Wando fosse, ao mesmo tempo, o Stevie Wonder. Depois você percebe que ele nunca foi o Wando. Era você quem estava ouvindo rock demais.
Fica claro que Timberlake segue amadurecendo e que as asas vão crescendo. O disco é extremamente coeso, sendo vibrante e escuro na medida certa. E variado. Do funkadeliquismo de Sexy Ladies à delicadeza torta de My Love, do clima dos setenta da bateria e órgão de Damn Girl (com will.i.am do Black Eyed Peas) à melodia e vozes absurdas de Summer Love, tudo é contagiante e legal. Disco que deve ser comprado de olhos fechados.