segunda-feira, 15 de junho de 2009

Funk Mixtape contra toda e qualquer frustração


Motivado pelo quase total desconforto sentido no último sábado, quando eu, minha mulher, irmão, cunhada, primo, prima e respectivos amores fomos ao Circo Voador. A festa: "Eu Amo Baile Funk".

Menti. Fui hipócrita. Eu não amo o baile. Amo o som. Mas acabo caindo naquele papo velho, de quem gosta da versão "teia de aranha" do estilo... Achei que seria uma noite de bases velhas, de coisa boa. Mas não rolou. Defendo o som feito atualmente no Brasil como legítima forma de expressão cultural popular. Quem mete o pau deveria comer discos do Tom Jobim no café da manhã. Mastigar vinil, entende? Mas o fato é que, em meio a tanto funk feito no Brasil (é o samba do futuro: é da galera e brota em todo lugar), tem muita coisa boa e muita boa porcaria. Destaque para os oportunistas ricos jovens ultrabrancos de São Paulo e Curitiba, todos de olho no mercado internacional. Funk pra turista, feito por gente que nem sabe quem é Steve B. Mas voltando ao "Eu Amo Baile Funk" do último sábado, mesmo (felizmente) não abrindo espaço para os Bonde do Rolê da vida (aí seria o fim dos tempos), só merda foi tocada.

E com DJs que tinham compromisso maior com repetir seus nomes repetidos do que tocar coisa boa, eu não sei o que acontecia, mas a batida - que é o coração do acontecimento - parava toda hora. Cansativo. E aí vinham aquelas convocações de torcida de futebol, aquelas músicas dedicadas a celebração de cornos, gays, carecas, pessoas de camisa verde, amizades com moças de vida fácil... Parecia uma festa infantil, mas com cerveja. Dê cerveja e malícia a crianças que elas fazem exatamente aquilo.

Malícia que dá origem às visões do inferno. Homens dançando e rebolando como mulheres bundudas e usando isso - acreditem - como eficiente instrumento de atração de exemplares do sexo oposto. E as mulheres, ao atenderem ao chamado, dançavam como quem copulava. Cara, é legal ver tal cena se a moça é visualmente interessante, mas acontece que o "Circo" se torna palco de todo tipo bizarro de exibição-sexual-dançante-com-dedinho-na-boca, e executada por todo tipo de gente. Algumas mulheres pareciam ter oito quilos, e oito quilos, mesmo em movimento, não excitam. Outras já passavam da idade e seguiam com o mesmo bailado. E era tudo playboy e playgirl ali. Todo mundo. O preço era alto (não para a gente: valeu, Cristian!). Mas não é isso. O estranho não são os biotipos e nem a sexualidade/sensualidade obrigatória, quase mambembe, quase National Geographic. Era o som. O som era ruim.

Quem tava ali, musicalmente falando, só tinha memória ou idade ou sei lá o que para se recordar do funk feito a partir de 94, ano em que funk era coisa de Xuxa. Então quando o DJ pensava em "som sinistro, do passado, clássico das profundezas abissais do oceano do funk", não pensava em "Chain Gang", mas em "Dança da Cabeça". Aí não dá.

Então resolvi fazer uma mixtape para exorcizar esses maus pensamentos/sentimentos e frustração biomusical. Só parada do mal. Se você baixar, será feliz e dançará até seus pés e alma sangrarem na sala de estar, na festa, ou deitado, de olho fechado, sem necessariamente mexer sequer a cabeça toda hora sem parar/para cá e para lá.

Funk Mixtape - M. Funk
por Marcio Teixeira de Mello

01. Ose' - Computer Funk
02. J.J. Fad - Supersonic
03. U Gents - Chain Gang
04. MC A.D.E. - How Much Can Take
05. Freestyle - It's Automatic
06. Bass Patrol - Faking No Movies
07. Salt'n'Pepa - Push It
08. Disco Rick & The Dogs - Your Mamma's On Crack Rock
09. Bardeux - Bleeding Heart
10. Shavonne - So Tell Me, Tell Me
11. Trinere - I'll Be All You Ever Need

3 comentários:

Daniele Garcia disse...

It's automatic!!!!!! Velharia! Viva! Acho que, com esta crônica, vc ganhou mais um leitor para o blog... ele deve estar lendo neste exato momento... via spam matrimonial. :-)

Rodrigo Torres disse...

Oi Marcio. Assino embaixo, em cima e dos lados. Resumindo uma conversa que tive com o presidente da Discoterj, a música entrou no ritmo da Globalização. Assim como não temos mais heróis na política, cultura etc, não temos mais músicas marcantes, que definem uma determinada época. A memória das que tínhamos virou fumaça. Consomem música como um cigarro, assim como não se especializam nas técnicas pra produzir e tocar. Resumo, lixo. Seguindo a linha do seu mixtape, ouça um megamix que fiz no começo de minha vida de produtor. Link: http://rapidshare.com/files/102136136/Dj_Rodrigo_Torres_-Midback_Megamix.mp3.html . Por favor esqueça os erros nos tons, passei por cima disso já que estava aprendendo a usar os programas. Mas vc vai gostar. Grande abraço.

Unknown disse...

FAço aprte do time: "primos"...
É, realmente não foi muito bom. Pensei tb que tocariam os funks antigos, mas nada disso teve. Poderia ter sido bem melhor, mas faz parte, valeu pelo divertimento em família, coisa que nunca aconteceu em 29 anos. Valeu a pena sim!!!
Grande abraço.