segunda-feira, 18 de maio de 2009

Pensando em um terremoto e em linhas retas

Pouco mais de uma da manhã. Informações sobre um terremoto em Los Angeles chegam. Não me preocupo. Lembro apenas do tal Big One, que, prometem, juram, esperam, fará um dia a República da Califórnia se transformar em uma ilha. Mas esse dia nunca chega.

Esperando, hippies sequelados armazenam milhares de litros d'água. Água já velha, já podre. Pais de família republicanos constroem abrigos anti-míssil e convidam amigos de seus filhos para visitas, e, a sós, jogam videogame.

Estrelas de Hollywood se entregam a grupos pacifistas que, por meio da energia positiva, farão o terremoto futuro se transformar em uma gigantesca onda de amor. Semiestrelas do passado, com rostos de plástico, se entregam a seitas que já sabem quando o próximo cometa passará.

Penso em um balançar de prédios que não sei o que é e que nada significa para mim. Penso em tetos, que de base da segurança do habitar ("tenho um teto pra morar"), se tranformam em armadilhas. Ter seu teto sobre você e sobre sua família deve ser o mais profundo tipo de traição que um homem pode sofrer.

Penso na Falha de San Andreas e em como as linhas retas, as certezas do mundo, podem ser curvas. Penso também nos Red Hot Chili Peppers e nessa história de que John Frusciante poderia estar sumido há três semanas, vivendo dentro de uma seringa carregada de heroína.

Penso que seria estranho se Los Angeles acabasse sem eu a conhecer. Deve ser um belo lugar, cheio de palmeiras, praias, patins e pornografia.

Terremoto. Nada é imutável. O chão passeia. E a gente vai.

Foto original retirada do site
The Figure Head e remixada por mim.


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